terça-feira, janeiro 20, 2009

Memórias de Francisco Coelho Duarte Badaró.

Acabo de ler o livro escrito pelo meu pai, sobre seu avô, meu bisavô, Francisco Coelho Duarte Badaró.
Meu pai precisava escrever este livro para esclarcer alguns episódios e desafetos do meu bisavô, além do que a vida dele foi um tanto interessante no meio político , tendo sido um homem brilhante, com uma "network" poderosa na época, conviveu com figuras ilustres e participou de momentos históricos, tendo tido participação em alguns, e militado em outros.

Ele nasceu em 1860, de família simples e morreu em 1921 aos 61 anos de idade. A medicina não tinha os avanços de hoje e uma simples penicilina salvaria sua vida. Coisas do destino.

O Badaró foi herdado do jornalista Libero Badaró, assassinado pelo império e homenagedo pelos Coelho Duarte em seu filho Francisco.

Ele estudou direito, foi promotor, juiz, deputado federal, senador mineiro(deputado estadual) e embaixador junto ao Vaticano na época que talvez fosse mais importante posto que o embaixador de Washington ou Paris.

Foi constituinte em 1891, primeira constituição nacional, foi abolicionista e republicano, ligado profundamente à igreja católica, dado a isso sua indicação ao posto em Roma, além claro da amizade com o Marechal Floriano Peixoto.

Conviveu e foi amigo de Bernardo Guimarães, Tristão da Cunha (avô do governador Aécio e companheiro dele de caçada), Floriano Peixoto, Raul Soares, Augusto de Lima, Artur Bernardes, Campos Salles, Prudente de Morais, Rodrigues Alves e tantos outros políticos, juristas e prelados da época. Destaco a relação e convivência com o Papa Leão XIII que enfrentou no final dos século XIX a fúria e presença da doutrina marxista com a legitimidade e força da época. Imagino como deve ter sido dura a batalha filósofica que só veio desmoronar nos anos 80 do século XX.

Na vida dele tem episódios marcantes como a permissão de alistamento das primeiras eleitoras mineiras, e brasileiras (depois cassada), mas que chegaram a ser as primeiras eleitoras em 1904. O voto feminino só veio definitivo na década de 30.

Foi ligadíssimo a igreja, atacando-a e defendendo-a em suas convicções. Foi chamado de liberal e reacionário, o que não diz nada para um político, cabendo ora como elogio, ora como admoestação, dependendo do ponto de vista do interlocutor.

Culto e poliglota, falava francês, italiano, latim foi intelectual reconhecido, autor de livros diversos.

Teve desafetos e problemas, como todos, tinha seus defeitos e qualidades, mas me deixa orgulhoso participar de uma família com tradição desde o século XIX, com homens públicos de boa reputação e conduta séria no trato das coisas públicas. Todos foram simples, figuras de classe média e dai a origem de atitudes e comportamentos que perduram até hoje.

Acho que foi o melhor livro que meu pai escreveu, como todo livro de 324 páginas tem episódios maçantes, como a transcrição de discursos no congresso e assuntos pouco interessantes. Uma crítica é com relação a textos em francês(originais das fontes pesquisadas), mas sem a devida tradução.

Com relação a manutenção da tradição política na família tenho minhas ilações e idiossincrassia, mas prefiro guardar para mim, quem sabe um dia manifesto minha opinião para nossa família.
Depois dele vieram meu avô Badaró Junior e meu pai Murilo, com participação em episódios da vida nacional, com brilhantismo e relevância e ocupação de importantes cargos e funções.

Não posso deixar de manifestar meu orgulho por pertencer a tão importante e tradicional família, por isso deixo registrado aqui no Blog. Para os críticos de todos políticos Badarós, nada diria. Creio que é parte do papel de estar na vida pública, os aplausos e os apupos. A postura, o caratér e a convicção na luta dos ideais são o legado que fica para futuras gerações, como as nossas, com os defeitos e qualidades de todos seres humanos.

8 comentários:

Dú Badaró disse...

Caro Murilo, foi realmente feliz o fato de ter encontrado esse post no seu blog, sei que sou descendente de Francisco Coelho Duarte Badaró (filho de José Coelho Duarte) Pai de Justiniano Coelho Duarte Badaró, pai de meu Bisavô Eduardo Gê Badaró cujo Filho Eduardo Edargê Badaro (vereador e ativista politico em campinas pelo PTN de Hugo Borghi)que foi casado com Lourdes de Sousa Campos Badaró (meu pai é José Eduardo de Sousa Campos Badaró)... Já Eu herdo o nome de meu avô (Eduardo Edargê Badaró Neto)

Tal como você me Orgulho dessa família que se distingue pelo Caráter.

Sérgio Jacomino disse...

Caro Murilo, estou estudando um aspecto da vida política de Francisco Badaró que foi a crítica à moção subscrita por inúmeros deputados acerca da queima de arquivos sobre a escravidão. Lúcido e visionário, divisou a estultície da medida ministerial (Rui Barbosa). Veja em www.observatoriodoregistro.com.br Abraços e parabéns!

Anônimo disse...

Boa noite, preciso de fotos do senhor Francisco Coelho Duarte Badaró, para compor o quadro de patronos da Ademia de Letras João Guimarães Rosa da PMMG.
Cordialmente,
Nelci Nunes, Poeta.

Contato: nelcinunes@gmail.com

Azevedo Dias disse...

Murilo, por que você não mencionou neste texto a cidade onde seu avô nasceu? Será que é um desmereço para ele ter nascido em uma cidade que quase ninguém no Brasil conhece? Ou você tem vergonha de dizer que seu avô nasceu na hoje pequena cidade de Piranga, próxima a Mariana e Ouro Preto? Ou será que seus pais nunca lhe disseram onde seu avô nasceu?

Murilo Prado Badaró disse...

Meu caro Azevedo Dias, meu pai escreveu o livro e conta a origem de nossa família lá em Piranga, inclusive temos parentes lá até hoje.
Temos muitop orgulho dele ter nascido em Piranga. Aqui no Blog, na postagem fiz questão somente de mencionar alguns fatos dele e minha impressão. Recomendo que leia o livro, Memórias Póstumas de Franciso Badaró.
Abs

Azevedo Dias disse...

Caro Murilo, agadeço-o pelo esclarecimento. Vou seguir seu conselho e ler o livro. Desculpa qualquer indelicadeza.

Unknown disse...

Gostaria de saber a relação entre as cidades de PIRANGA e FRANCISCO BADARÓ quanto a família Badaró e também as origens do ex-Senador MURILO PAULINO BADARÓ
Grato.
Darcy Badaró
e-mail: dibada@uol.com.br

Unknown disse...

Boa tarde, passeando aqui pela Saraiva na cidade de Manaus (AM) encontrei esse livro, me apaixonei pela escrita do autor, pesquisando rapidamente na internet encontrei seu blog. Amo biografias e literatura em geral, achei fantástica a escrita em primeira pessoa e o retrato de uma época registrado com tanta sensibilidade. Parabéns!